Dois poemas (I)

É evidente que estou triste.
Acredito honesta e francamente que a opção tomada ontem é errada. É eticamente censurável e - mesmo numa perspectiva de realismo político - é um erro tremendo. Não resolve os problemas, agrava os existentes e desperdiça recursos que poderiam ser profundamente úteis quando bem aplicados.
Nunca quis impôr uma moral particular, quis criar um Portugal moderno, orgulhoso do respeito que tem pela vida humana.
Estou muito triste.
Hoje soaram vezes e vezes sem conta na minha cabeça dois poemas que já aqui tinham sido transcritos. Não consigo evitar voltar a transcrevê-los. Neste post um; no próximo o outro. Ambos serão seguidos de dedicatórias.

Trova do vento que passa

Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça
O vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz NÃO.

Manuel Alegre

Agradeço com este poema a todos quantos desinteressada e honestamente se dedicaram a esta batalha. Foram muitos os exemplos de quem - dando a cara ou nos bastidores - se entregou a um sonho com grande prejuízo da sua vida pessoal e profissional. Nomeá-los um a um seria impossível pois facilmente se atinge várias centenas. Dentro e fora do Norte Pela Vida. São exemplos que guardarei para sempre e que procurarei honrar nas batalhas que se seguirem em prol do respeito pela dignidade da vida humana.

Agradeço a todos os que "Semeiam canções no vento que passa", dia a dia, junto de mulheres em dificuldades e de crianças "não desejadas" e sentem agora que o seu trabalho é alvo de chacota, que o seu trabalho não é reconhecido, que o seu trabalho não merece que o Estado nele invista. São palavras de incentivo que tenho para todos eles e um pedido desesperado para que continuem a trilhar o caminho certo. O caminho do progresso. O tempo mostrará que temos razão.

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