Escreve Inês Pedrosa esta semana na "Única" uma crónica que me merece resposta. (Acesso apenas para utilizadores registados).
Ninguém é poupado neste artigo: a cronista distribui "chapada" para todos os lados num tom azedo: assistentes sociais, vizinhos e acórdãos dos tribunais que nada têm a ver; mete a Igreja ao barulho e expõe os nomes de pessoas relacionadas com o caso com o objectivo de uns e outros, pessoas e instituições, serem submetidas a um julgamento popular em praça pública.
Começa, num exercício de escrita tocante e pungente - sem ironia!-, por descrever o dia-a-dia de pesadelo da Sara, a menina de dois anos que morreu vítima dos maus tratos dos seus pais.
Ninguém ficou indiferente perante aquele caso de violência sobre uma criança indefesa; parte o coração ver até que ponto chega a maldade ou o descuido ( no sentido jurídico-penal de "negligência") de um adulto que aniquila a vida à qual deu existência.
E concordarão os crentes que "Sara mereceria ter entrado no Céu - tem de haver um céu que faça justiça a estas crianças - com as palavras carinhosas e sábias que o Menino Jesus teria para ela, se ainda andasse por este mundo".
Em determinados momentos do artigo, chegamos até a estar em absoluta sintonia e comoção com as palavras de Inês Pedrosa.
Mas, de repente, o raciocínio dá uma cambalhota lógica: "O comum dos mortais talvez não perceba a relação entre o dinheiro, o aborto e a morte de Sara" e começa a discorrer sobre a Igreja Católica. A mim, defensor do não e contribuinte, salta-me à vista qual a relação entre as finanças, a IVG e os maus tratos a crianças, sem ter de transformar a Igreja numa variável da equação. Custa-me a crer que os olhos de Inês Pedrosa estejam assim tão fechados.
O meu raciocínio é relativamente simples e expressa-se de forma sumária:
- A Sara era uma pobre menina cuja disfunção familiar resultava da falta de instrução e dinheiro;
- A Sara era uma menina triste que tinha direito a aprender a brincar e a sorrir como os outros meninos do infantário com quem não conseguia relacionar-se;
- A Sara devia ter sido dispensada dos "dedos cortados, manchas negras no corpo";
- A Sara tinha direito a viver a sua vida e a ser feliz;
- A Sara merecia que o Estado estivesse ao lado dela e investisse todos os recursos necessários na sua protecção, na sua integridade, na sua integração e no desenvolvimento da sua personalidade;
Inês Pedrosa prefere esconder o seu raciocínio e atacar a Igreja quando as opções orçamentais são feitas pelo Estado ( e eis aqui mais um caso em que quem trás argumentos religiosos à colação são os movimentos do sim).
Há que explicar, portanto, o raciocínio subjacente: "São cem mil as crianças portuguesas em risco"; em vez de o Estado investir tudo na sua reabilitação social e no apoio às suas mães, parte do dinheiro ( que é escasso e não estica) deve ser aplicado em, a priori, eliminar parte dessas mesmas vidas (digo "vidas" e não "pessoas" para não criar constrangimentos filosóficos). É uma forma de reduzir aquela cifra vergonhosa. Nisso todos concordarão, mas apenas alguns - estou convencido que a minoria - aceitarão.
Na análise estamos de acordo: "Sempre que um adulto é feito refém em Portugal ou no estrangeiro, o Estado defende-o, como é sua obrigação. Às crianças (dentro ou fora da barriga da barriga da mãe, acrescento eu), continua a tratá-las como propriedade dos que as fizeram". E de facto "é mais fácil pretender amar uma criança morta do que amar uma criança viva".
Nós continuamos a defender que a Sara deveria ter tido a possibilidade de viver a sua vida de uma maneira sã, livre de violência, económica e afectivamente amparada. E você, Inês?
Isto não é demagogia. Há que escolher prioridades.
Tem toda a razão, "neste ano novo, temos de ser capazes de dizer: basta"! Vote Não!
Ninguém é poupado neste artigo: a cronista distribui "chapada" para todos os lados num tom azedo: assistentes sociais, vizinhos e acórdãos dos tribunais que nada têm a ver; mete a Igreja ao barulho e expõe os nomes de pessoas relacionadas com o caso com o objectivo de uns e outros, pessoas e instituições, serem submetidas a um julgamento popular em praça pública.
Começa, num exercício de escrita tocante e pungente - sem ironia!-, por descrever o dia-a-dia de pesadelo da Sara, a menina de dois anos que morreu vítima dos maus tratos dos seus pais.
Ninguém ficou indiferente perante aquele caso de violência sobre uma criança indefesa; parte o coração ver até que ponto chega a maldade ou o descuido ( no sentido jurídico-penal de "negligência") de um adulto que aniquila a vida à qual deu existência.
E concordarão os crentes que "Sara mereceria ter entrado no Céu - tem de haver um céu que faça justiça a estas crianças - com as palavras carinhosas e sábias que o Menino Jesus teria para ela, se ainda andasse por este mundo".
Em determinados momentos do artigo, chegamos até a estar em absoluta sintonia e comoção com as palavras de Inês Pedrosa.
Mas, de repente, o raciocínio dá uma cambalhota lógica: "O comum dos mortais talvez não perceba a relação entre o dinheiro, o aborto e a morte de Sara" e começa a discorrer sobre a Igreja Católica. A mim, defensor do não e contribuinte, salta-me à vista qual a relação entre as finanças, a IVG e os maus tratos a crianças, sem ter de transformar a Igreja numa variável da equação. Custa-me a crer que os olhos de Inês Pedrosa estejam assim tão fechados.
O meu raciocínio é relativamente simples e expressa-se de forma sumária:
- A Sara era uma pobre menina cuja disfunção familiar resultava da falta de instrução e dinheiro;
- A Sara era uma menina triste que tinha direito a aprender a brincar e a sorrir como os outros meninos do infantário com quem não conseguia relacionar-se;
- A Sara devia ter sido dispensada dos "dedos cortados, manchas negras no corpo";
- A Sara tinha direito a viver a sua vida e a ser feliz;
- A Sara merecia que o Estado estivesse ao lado dela e investisse todos os recursos necessários na sua protecção, na sua integridade, na sua integração e no desenvolvimento da sua personalidade;
Inês Pedrosa prefere esconder o seu raciocínio e atacar a Igreja quando as opções orçamentais são feitas pelo Estado ( e eis aqui mais um caso em que quem trás argumentos religiosos à colação são os movimentos do sim).
Há que explicar, portanto, o raciocínio subjacente: "São cem mil as crianças portuguesas em risco"; em vez de o Estado investir tudo na sua reabilitação social e no apoio às suas mães, parte do dinheiro ( que é escasso e não estica) deve ser aplicado em, a priori, eliminar parte dessas mesmas vidas (digo "vidas" e não "pessoas" para não criar constrangimentos filosóficos). É uma forma de reduzir aquela cifra vergonhosa. Nisso todos concordarão, mas apenas alguns - estou convencido que a minoria - aceitarão.
Na análise estamos de acordo: "Sempre que um adulto é feito refém em Portugal ou no estrangeiro, o Estado defende-o, como é sua obrigação. Às crianças (dentro ou fora da barriga da barriga da mãe, acrescento eu), continua a tratá-las como propriedade dos que as fizeram". E de facto "é mais fácil pretender amar uma criança morta do que amar uma criança viva".
Nós continuamos a defender que a Sara deveria ter tido a possibilidade de viver a sua vida de uma maneira sã, livre de violência, económica e afectivamente amparada. E você, Inês?
Isto não é demagogia. Há que escolher prioridades.
Tem toda a razão, "neste ano novo, temos de ser capazes de dizer: basta"! Vote Não!
0 Resposta(s) a “Chamava-se Sara”